A não representação na Teoria Ator-Rede e o silenciamento como prática social nas organizações: um estudo etnográfico em uma oficina mecânica

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Tipo de produção
Tese
Data
2020
Autores
Fortes, P. J. de O. C.
Orientador
Jaime, Pedro
Periódico
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Citação
FORTES, P. J. de O. C. A não representação na Teoria Ator-Rede e o silenciamento como prática social nas organizações: um estudo etnográfico em uma oficina mecânica. 2020. 179 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - Centro Universitário FEI, São Paulo, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.31414/ADM.2020.T.131119.
Texto completo (DOI)
Palavras-chave
Resumo
O objetivo desta tese é descrever como se configura o silenciamento enquanto uma prática social nas organizações capaz de ampliar as associações entre os atores que fazem parte de uma rede. Proponho que o silenciamento é a não representação intencional de um ator para criar mais associações e mantê-las em uma rede. A prática do social se refere à prática de se associar. A tese utiliza a Teoria Ator-Rede (TAR) de Bruno Latour (2005) para quem o conceito “social” significa “associações”. O termo silenciamento está presente na literatura internacional de Estudos Organizacionais produzido com o auxílio da TAR. O silenciamento é proposto nesta tese como uma controvérsia mapeada na Sociologia das Traduções (1986). A controvérsia é que, nessa Sociologia, o representante da ação, o spokesman, silencia ao representar outros atores. Busco nesta tese alimentar essa controvérsia com a visão de Latour (2005, p. 146) de que “não se pode silenciar um ator, a não ser que este esteja em outra rede”. Ancorado em uma etnografia realizada em uma oficina mecânica, proponho que o silenciamento é uma prática social nas organizações. Esse silenciamento é uma estratégia que serve para criar e manter associações, e que é configurado por uma representação não intencional, ou pela exclusão de um relacionamento com um ator. O spokesman é o ator que articula o silenciamento ao criar um ponto de passagem obrigatório e decidir quais atores não devem passar por este para que a ação proposta tenha sucesso. Diante do exposto, defendo que o silenciamento é fonte de sucesso de associações e que esse é uma prática do social. A presente tese avança com o argumento do silenciador, um papel do spokesman, que opta por não representar algo para manter sua rede ou para conseguir mais associações, como preconizado pela TAR. O avanço está dirigido para o sucesso das traduções. Callon (1986) e Latour (2005) concordam que o sucesso de traduções está em uma boa representação de determinada realidade. O silenciamento fundamenta-se em uma má representação, em uma exclusão. O movimento de silenciar, tanto na literatura analisada quanto na organização etnografada, foi fonte de sucesso em traduções. Nesta tese concluo que representar e silenciar são fontes de sucesso em tradução. Concluo também que os rastros deixados por atores em uma rede são mediadores de ações de silenciamento
The objective of this thesis is to describe how silencing is configured as a social practice in organizations capable of expanding associations between the actors who are part of a network. I propose that silencing is the intentional non-representation of an actor with the objective to create more associations and keep them in a network. The social practice refers to the practice of associating. The thesis uses the Actor-Network Theory (ANT) by Bruno Latour (2005) for whom the concept “social” means “associations”. The term silencing is present in the international literature on Organizational Studies produced with the aid of ANT. Silencing is proposed in this thesis as a controversy mapped out in the Sociology of Translations (1986). The controversy is that, in this Sociology, the representative of the action, the spokesman, is silent when representing other actors. I seek in this thesis to feed this controversy with the view of Latour (2005, p. 146) that “an actor cannot be silenced, unless he is in another network”. Anchored in an ethnography carried out in a car maintenance shop, I propose that silencing is a social practice in organizations. This silencing is a strategy that serves to create and maintain associations, and that is configured by an unintended representation, or by the exclusion of a relationship with an actor. The spokesman is the actor who articulates silencing by creating a mandatory waypoint and deciding which actors should not go through it for the proposed action to be successful. I argue that silencing is a source of success for associations and that this is a social practice. The present thesis advances with the silencing argument, a role of the spokesman, who chooses not to represent something to maintain his network or to achieve more associations, as recommended by ANT. Silencing aims at the success of translations. Callon (1986) and Latour (2005) agree that the success of translations is in a good representation of a certain reality. Silencing is based on misrepresentation, exclusion. The movement to silence, both in the analyzed literature and in the ethnographic organization, was a source of success in translations. In this thesis I conclude that representing and silencing are sources of success in translation. I also conclude that the tracks left by actors in a network are mediators of silencing actions